Questão
Imaginemos agora o grande e único olho ciclópico de Sócrates, voltado para a tragédia, aquele olho em que nunca ardeu o gracioso delírio de entusiasmo artístico – e pensemos quão interdito lhe estava mirar com agrado os abismos dionisíacos: o que devia ele realmente divisar na 'sublime e exaltada' arte trágica, como Platão a denomina? Algo verdadeiramente irracional, com causas sem efeitos e com efeitos que pareciam não ter causas [...]. (Fonte: NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 87.)
A visão de Sócrates sobre a tragédia, segundo Nietzsche, é de que ele a via como algo irracional, onde as causas não tinham efeitos claros e os efeitos não tinham causas aparentes. Sócrates, com seu olhar racional e crítico, não conseguia apreciar os aspectos dionisíacos e irracionais da arte trágica, que para ele pareciam desprovidos de lógica e razão.
Nietzsche, em 'O nascimento da tragédia', critica a visão racionalista de Sócrates sobre a arte trágica. Sócrates, com sua busca pela razão e lógica, não conseguia compreender ou apreciar a natureza dionisíaca da tragédia, que envolve elementos irracionais e emocionais. Para Sócrates, a tragédia parecia carecer de uma estrutura lógica, com causas e efeitos claros, o que o impedia de apreciá-la plenamente.