Questão Resolvida

Confira a resposta e explicação detalhada abaixo

Questão

João Eulálio, 82 anos, obedece a uma rotina rigorosa. Desde a juventude, levanta todos os dias — 4h30, sem recorrer a galo ou despertador, e começa a trabalhar sua roça. "Consigo contar nos dedos as vezes em que não levantei a essa hora", diz. Eulálio planta feijão, cebola, amendoim, mandioca e pastoreia caprinos. Na Comunidade Quilombola Curral da Pedra, em Abaré (BA), comentam que ele é "tão trabalhador que nunca ficou doente". Mora só hoje, com a irmã, de 74 anos, na casa de taipa onde passaram a infância e onde o pai também foi criado. "Antes a terra aqui era muito boa. Tudo que plantava, brotava. Eu sigo plantando, mas agora a terra está estranha, não brota como antes", diz Eulálio, enquanto maneja uma enxada. "A qualidade do que plantamos, e que temos para alimentar nossos pratos, está pior. A quantidade de colheita está menor. Eu não sei o que está acontecendo".\nEulálio pode não saber, mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) sabem. Em novembro de 2023, os dois institutos detectaram pela primeira vez a existência de clima árido no Brasil. A área afetada por esse fenômeno inédito é concentrada principalmente no sertão baiano e perpassa, de forma parcial ou geral, o território de doze cidades.\nA aridez detectada pelos pesquisadores se espalha por uma área de 5.592,6 km² – aproximadamente quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Abaré, onde João Eulálio vive, já tem 34% de seu território degradado de forma crítica pela desertificação. É o maior percentual dentre os municípios atingidos. A lista é seguida por Chorrochó (23,6%), Curaçá (14,5%), Juazeiro (10,9%), Sobradinho (10,8%) e Rodelas (10,7%).\nPara que os pesquisadores não sejam induzidos ____ falsas conclusões – como, por exemplo, confundir o processo de desertificação com uma seca excepcional –, esse levantamento compara imagens de satélites produzidas em intervalos de trinta anos, sendo possível diferenciar as mudanças consistentes ao longo do tempo e os episódios. Essa metodologia começou a ser aplicada nos anos 1960. Desde então, os pesquisadores não tinham produzido um estudo com base nelas. Foi para superar essa defasagem que o Ministério do Meio Ambiente encomendou a nova análise.\nA paisagem dos municípios desertificados não é como alguns podem imaginar: um mundaréu de areia, com alguns poucos coqueiros, e aqui e ali, um oásis. São, em vez disso, pequenas cidades interioranas onde a vida segue de forma mais ou menos normal. Ainda há vegetação, mamíferos pastando e hortas com vegetais. Pessoas mais sensíveis sentem ressecamento nos lábios e nas mãos, como em Brasília, nos momentos mais duros da seca anual.\nAssinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna do texto:

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